BONECA
Entre nuvens e estrelas
Imagem de beleza eminente,
Fez arquejar meu coração
E o peito cheio de emoção
Meu ser falho e carente.
Um corpo bem delineado
E um olhar enternecedor,
De cabelos encaracolados
E lábios avermelhados
Assimilados ao esplendor.
Corri então para junto dela
De emoção compenetrado,
Fui envolto em branco véu
Parecia vir do alto do céu
E fiquei então deslumbrado.
Num impeto seus lábios beijei
Sua cútis com doçura afaguei,
Porem senti enorme atrofia,
Era boneca, matéria inflável
Com uma beleza inigualável
Mas por dentro ela era vazia.
A beleza nos instiga à cobiça
Mas, que vale ser fascinante;
Sem ter cérebro nem coração?
Mais vale ser feio, mas amável
Até ser pobre de corpo afável
Mas ser gente e sentir emoção.
José Coelho