O LAGARTO

Chegou-se como quem nada queria,

só se fazia presente pelo ruído na grade

e de repente irrompeu sereno no vidro peliculado.

Enxergava sua própria imagem refletida,

no estupor do enigma sem resposta

deitou-se apreciando toda a sua forma

Como quem desconfiasse de algo

passou a vasculhar com os olhos

o que quer que existisse do outro lado

Já não queria acreditar estar se vendo

e se enganando não ser ele poderia

refazer sua própria estrada escama por escama

Ergueu-se então altivo em plena luz do sol,

estufou o peito e disse com todo o poder

de sua própria imagem: estou aqui!

Vê-me por um todo, acredite que sou um sonho

enquanto perduro minha linguagem em cada traço

que este espelho sem alma reflete o ser transcendente!

Parou-se então cansado de si mesmo

pois por mais que buscasse qualquer outro fato

tudo que via remetia-lhe a um futuro passado do agora

Deixou então tudo pra trás sem ligar pro que viu

tinha ainda um mundo inteiro pra viver

e atirou-se sobre o verdejante abismo.

Diego Duarte
Enviado por Diego Duarte em 15/07/2013
Código do texto: T4388241
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