Pra não dizer que não falei da poesia
as vezes deixo faniquitos
de terra aquecerem me as
mãos apertando na palma
pedregulhos pontiagudos
a querer odiá-la na dor
intensa.
sangro para impulsionar-me em voo
estratosférico onde não
possa senti-la tão parente de mim;
a consumir-me a pele
personalizando minh’ alma
em cores ocres que não
dão aparências etéreas.
a fragilidade e candura
que vestem as flores
não constam no mapa
genético de minha essência
e meus ductos geográficos
não conduzem néctares e
seivas com doçura que atraia
beija-flores; irrigam-me com
lavas forjando-me material
resistente; mas fragilizado
na carência de ser leve e suave
como cisnes e tenro, delicado;
feito um broto de poesia.