Só um dia
Se eu fosse o dia à zero hora o sol gritaria
E projetaria meus primeiros raios
Nos lestes e oestes do meu quarto
Às duas horas me equilibraria solto sobre as pernas
Às sete horas me arvoraria a conhecer outros astros
E, já consciente do meu espaço,
Giraria o mundo aprendendo fácil
E registrando ao máximo tudo que existia
Se eu fosse a criação do universo
Veria liberdade na minha puberdade
Tomando consciência das minhas incertezas
Bombardeado por errantes itinerantes blocos de tristeza
Chegaria às dezoito horas estudando as crateras
As marcas deixadas na trilha seguida
Perto de concluir a trajetória-vida
De firme e perdida idade-imensidão
E deixaria à mão possíveis respostas
Que explicasse o “em vão” e que se misturassem
E tudo se tentasse para ver mais clara
A charada em que se ampara toda a criação