Outro mundo
Quando será que passará essa fome
Que sentimos de tudo que ainda não temos
E não adianta dizermos que somos
Altruístas, generosos, despojados, magnânimos
Que seja verdade, mas localizamos
Mais cedo ou mais tarde coisas que desejamos
Sequer não conhecemos outro jeito de ser
Que em algum lugar do universo haverá
Uma concepção literal, um conhecer
Um estado mental mágico, despido virá
Que as posses e os mandos são desconhecidos
Por não haver valores a serem medidos
Exemplos e palavras de nossa existência
Diante do grau de nossas competições
São considerados por equivalência
Porém só apenas como indicações
Alguma virtude ganha a admiração
A exata medida noutra dimensão
Daí o vazio e a procura constante
Que experimentamos uns mais outros menos
Como se uma herança velada existisse
Reduzida a um nada, considerada tolice
É como se houvesse algo que não vemos
Por nossos sentidos serem muito pequenos
E vamos convivendo com uma realidade
Restrita aos limites que nos propusemos
Ignorando que há outra possível verdade
Que é desconhecida, mas vive conosco
Sob a vigilância cética a que nos submetemos
Ou explicações fáceis que absorvemos
Quem sabe, o cansaço da sobrevivência
Ou a adrenalina de tantos desafios
Conflitos, batalhas que a gente enfrenta
Seja apenas uma fase, um pedaço, um desvio
Que em dado momento nos interligaremos
E nos integremos como parte do plano