ACORDAR MALDITO . . .
Faço do silêncio minha oração
Estilhaços de saudades
Pedaços inúteis de lembranças
A visão intocada do abstrato
Lágrimas de dor
Dor de tantas perdas
Perdas tão sentidas...
E bebo o silêncio dos teus olhos
Que mais me ouvem, do que falam
E só te enxergo
Pela minha boca
Que te anima e te prova...
Uma passagem!
Apenas uma viagem...
No espaço-tempo dos neurônios
Qual relâmpagos neuróticos, aflitos
Como folguedos náuticos
A perfurar ondas violentas e arteiras
E se perder no gosto de sal...
Mais saudades, intolerâncias, lembranças...
Sujos artifícios da memória
A espancar o medo
Que flutua e não disfarça
E me toca de sonhos
E me sufoca de tristezas...
Mas os espectros continuam
Dançam doidos em minha mente
E eu sorrio, gargalho
Aflito e com fome de você...
Quase te toco
Quase te sinto
Finalmente abro os olhos
E você se vai...
Maldito acordar!
(Tadeu Paulo - 28/02/2007)