INEFÁVEL



Fluem as notas de um tempo.
Um tempo que se move como um grande sopro.
Uma sombra trêmula  passa
entre a grande tarde e meus olhos.
Não tenho olhos  vermelhos
e isto é fatal. Talvez um assombro.
O ocaso neles não faz morada.
Mostro meu sorriso e sigo caminhando
para o amanhecer.
Não me ganham as sombras
quando despenco de um paraíso
para não expirar,
para viver.






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Imagem: Anze Bezuidenhout (FB)