saboreie

saboreie

saboreie o pé do teu caminho

saboreie o ninho

onde se esconde o pardal

saboreie o quintal

onde ganhastes a luta

saboreie a puta

aquela que não te pariu

saboreie o funil

de barro que te produziu

saboreie o vapor

que te ordenou como um vilão

saboreie o cão

que te abraçou e te seguiu

saboreie o vil

metal que é a tua adoração

saboreie então

a vida que fugiu de ti

saboreie ali

a incomensurável ilusão

saboreie o pão

que Deus te deu e não tem mais

saboreie a paz

que só se encontra no fim da linha

saboreie a rainha

e o seu prostituído sabor

saboreie a dor

que se confundiu com a paixão

o chão, o vapor, frigideira

o ovo que te gerou

saboreie...

o quê?

o resto deixa pra lá...

Rio, 04/01/2007