Síndrome do Papel em branco
Síndrome do Papel em branco
Olho para o papel incólume, branco ,imaculado
Ele parece implorar para ser tocado,rabiscado
Hesito, pego e solto a caneta, deixo-a de lado
Ele parece um objetivo distante, segue intocado.
Os sentimentos aprisionados gritam, querem sair
Tem urgência, se rebelam, sem paciência, ameaçam fugir
Imploro que tenham calma, devagar eu vou conseguir
Tento organizá-los, fazer uma fila para tentar prosseguir.
Todos falam ao mesmo tempo e pedem prioridade
Cada um se julga o único e exclusivo dono da verdade
Me acusam de cercear seu direito de liberdade
De impedi-los de invadir a minha realidade.
Me chamam de carrasco, de insensível carcereiro
Afirmam que não são marionetes e eu não sou tintereiro
Não são controláveis nem subornáveis, por nenhum dinheiro
Que não posso fugir nem evitar meu destino de mensageiro.
Me reduzem a um mero instrumento
Uma ponte para passar todo pensamento
Um tradutor para a linguagem do sentimento
Sem opinião,voz ativa ou julgamento.
Refuto completamente esse argumento
Ameaço mante-los no confinamento
Não aceito ser um anônimo elemento
Exijo que entremos em um entendimento.
Digo que quero entende-los e escrever minhas conclusões
Jamais lançar a esmo impensadas e inconsequentes emoções
Nunca eternizar levianas juras,promessas ou maldições
Pautar minha escita pela verdade, mesmo que em ficções.
O papel ficará em branco até termos um consenso
Até lá fica tudo no ar, completamente suspenso
Peço calma, acendo um insenso,o assunto é denso e extenso
Em ordem , falem devagar, um de cada vez, já disse o que penso.
Leonardo Andrade