Lágrimas que queimam
Na rua estreita,
transitam sentimentos perturbadores
que estão a espreita.
Se posicionam nas esquinas
e se infiltram na pele dos que passam,
sem causar dor inicial, como se tivessem morfinas.
Com o tempo,reagem na célula
e contamina o coração da pessoa incrédula.
Nas ruas estreitas circulam seqüestradores de espíritos
que aguardam por um momentos aflitos.
Chegam como generais de guerra
comandando gigantescas libélulas.
Seqüestram os que caem,
nas ruas estreitas em que o asfalto se desfaz.
Trazem lágrimas que queimam
a imagem ,registrando na face
curvas sinuosas de sua enfurecida passagem.
Adoece o espírito, apaga o que esta caído e
tudo o que de bonito
nele foi escrito.
Nas ruas estreitas e sem iluminação
brincam a falta de esperança e a solidão.
Se chocam com os átomos dos que passam
mutilados e que se apoiam em muletas de papéis
que depois são rasgadas,porque consigo mesmos foram infiéis.
Na face enrugada, marcas preenchidas com
lágrimas que queimam e que inunda a rua estreita,
provocando o incêndio e naufragio
de barcos visitantes com a sua colheita.