CATEDRAIS
Vim das pedras que por sua resistência me edificaram,
Que em si tão frias, se montam da porta até os altares.
Sou a liga da massa em elementos que me costuraram,
Com a areia do tempo compactada de diversos lugares.
Sou as enormes torres onde busco o firmamento em alturas,
Nos meus mais variados e monumentais artísticos pilares,
Desde o meu firme fundamento nos túneis das sepulturas.
As lages da minha entrada gastaram muitos passos andados,
Desde o humilde cristão, até aquele ser que foi o vil pecador.
O meu frontispício da remissão já desmancha os condenados,
Sem ter adentrado em minha cúpula que o converterá em dor.
Sou à entrada do perdão em delírio que curará o vício teu,
Engolindo em minha enorme boca da razão, quem me procura.
Sou o acerto da verdade e da mentira do crédulo e do ateu.
Tenho a primazia da eloqüência em sua sanidade e na loucura.
Na minha abóbada em pintura celeste, guardo os ancestrais
Do teu povo, que em mim lá buscavam a glória da salvação,
E me visitavam com túnicas decoradas, como meus vitrais,
Em comportamento litúrgico de lindas orações em comunhão.
O meu som ecoava na admiração do imenso órgão em sinfonia,
Que na fértil imaginação do crente, os vários anjos ali cantavam.
É um respeito em magnitude que em muitos lugares não se via,
Grandes fervores de fé em sintonia com Jesus, assim louvavam.
Pelos meus afrescos és vigiado, acompanhado a todo o momento,
Pelos meus serafins de mármores e estátuas dos meus santos de luz,
Que a ti poderão proteger se tu lhes deres o valor em agradecimento.
Foram esculpidos para acolherem seguidores que minha fé conduz.
O arrepio que em tua pele percorre quando me deixas em ti entrar,
É a forma com que eu levo o pecado que está saindo da tua alma,
Em todas as criaturas que o mal insiste ficar, sem você o convidar;
Elevo-te em bons pensamentos, limpo o teu interior que se acalma.
Sou eu o espírito das catedrais e tenho uma grandiosa missão,
Que a mim foi designada por um mandamento divino especial.
Sou o corpo da cristandade, sou a voz da irmandade na oração,
Através dos tempos seculares lhe trarei o bem, retirando teu mal.
Vim de décadas muito distantes e disponho a minha força e vontade,
Aos que me levantaram em sacrifícios nessa estrutural obra grandiosa.
Vou com meu manto de rica cultura em ornamentos, mas sem vaidade,
Viver os meus anos, enquanto for durar a minha eternidade vitoriosa.