Réquiem para a neve
Grânulos fungíveis
transmutados em silêncio
e surpreendentemente
grassa
...a grande bola de neve...
Ó, neve, não te quero branca,
mas quero-te
anulada, dissolvida,
completamente.
Para nunca mais assistir
tua bucólica encenação
de afeto,
no palco transladado
dos teus dias de gozo
em que só contracenavas
com teus mucos de silêncios.
Ah, neve que não te quero:
- que neves para sempre,
em teu mundo frio e distante,
com teus gélidos lábios mutantes,
algodão doce, ambulante,
e enfermo de si.
(Direitos autorais reservados).