...___A Facínora...___A Vida...
Venha
Não é isso que tu queres?
O meu veneno letal
Escorrendo a um fel
De meus vulgos lábios de mel
Venha
Não te acanhes
Pela vulgaridade de mia sede
No dissipar de teu sangue venoso
Às entranhas de meu corpo ruidoso
Venha
Por que t´enches de orgulho?
Em maltratar-me voraz?
Facínora é o teu reles nome
E da morte, és prostituta e consorte
Venha
Absorta no emaranhar-se de mi´alma
Colha as fagáceas de tuas entranhas
Sorva o gozo famélico de teus prantos
E das gotículas de tuas lágrimas, ora ao teus santos
Venha
Embeba-te da liturgia mundana
Abençoa-me sob a teurgia bacante
Apossa-te das palavras picantes
E das gotas do vinhedo, caminha-te inebriante
Vá
Sob a augusta luminosidade lunar
E pelos os pólipos cadavéricos do submundo
Polinize em seu âmago surreal
A libinosidade harmoniosa, jocosa e letal
Vá
Caminhando pelas plantações de seus coitos
E cabisbaixa, sofra as dores do teu parto
Abençoada seja às chamas argênteas do plenilúnio
E jamais sofra pelas chagas deste frívolo infortúnio