APROVEITE O QUE DE MIM SOBRA

Vou pagar neurônios pra te tirarem da minha mente

Você não é parte dele inspiração prisional

Quero a liberdade hormonal não seqüestro emocional

Não me deste a parte desta escolha entre o milho e o mingau!

Quero ser como a folha do milharal

Sem os corvos e sem o espantalho

Quero cada pedaço que o valho

Como os barris de Carvalho Séssil

Envelhecendo o vinho fértil, como a zona

Que atravessa a veia das uvas

Misturando-as com vanilina e metiloctalactona

Minha escolha pode até ser o mangal das garças

Ter liberdade de voar ver o mar e seguir a nau

Antes de ser um mero punhado de cinzas

Seguir sem ninhos fazer do nada o nada que sou

Deixar aberta a cela

Deixar sair este animal

Nada que me aprisione

Mesmo em lágrimas

Vôo no sal

Quero elastecer meu ser dentro de outros

Sou um besouro sem sobrenome

Não pedi pra nascer

Mas vôo sem codinome

Sem direção sem pronome pessoal

Sou folha caída que beija o chão

Sou a ferida aberta em exposição

É onde piso em refração

Onde repriso minha prisão

Sou a constelação ligando os pontos

Nas cicatrizes etéreas da escuridão

Sonho, mais é tanta confusão

Estou longe bem sei

A estrela está prestes a beijar o céu

E eu com este corpo denso a penetrei

Canso e logo ando me arrastando pela terra que pertenço

Não quero o mérito de ser o invasor

Nem tampouco de dividir as honras com o desertor...

Só não quero a dor de persuadir o verme roedor

Tenho a vida quero celebrar meus feitos

Sem emplastros grotescos

Distorcendo os músculos cansados

Que ainda aproveito como se o fossem gigantescos...

Quero a fúria das apregoadas vantagens

Voar nas paisagens de um papel feito de miragens

Congelar o sangue na adrenalina de escrever

Linha por linha até o mundo escurecer de novo

Com suas lendas e visagens e ser um destes personagens...

Quero as virgens sem os consumidores de mácula

Teu coração luminárias de um presépio

Sem cobertor estou sem o preço que me conjure

Neste altar púbere

Deixa-me eu ser teu adormecer

Dar mundo a tua cor

Misturar teu ser no meu ser

Ser tua voz

Teu redentor!