ILUSÃO DE ÓTICA
Nada muda quando o sol levanta;
só um mundo de tom faz a diferença.
São os matizes que superam o que se pensa;
pardas, cinzentas ou coloridas
cobrem a imensa paisagem.
são rastros de cores híbridas
que mostram os contornos da miragem.
Nada interfere nessa ilusão de ótica
que joga para além da imaginação
suaves eflúvios de conotações exóticas
brindando nossos olhos em cada vibração.
Nada além! Suspiramos vácuos que se esvaem
em cada passo dado quando as sombras caem.
Nada existe, nada!
Somos frutos de uma idéia vaga,
somos meros visíveis quando apaga
do éter o clarão...
há em todos uma estranha enfocação.
Aí aparecemos uns aos outros como parte do que fosse,
mas continuamos a ser nada.
Cada pensamento brotado, uma fagulha cronometrada.
Não estamos aqui, estamos superados dentro
de um falso tempo..
Nosso espaço é vazio.
Somos como se maturássemos ao vento.
Percorremos o imaginário de um Deus senil
que nos torna cópias para um novo advento;
e assim, nos multiplicamos em vários nenhuns
que se encadeiam pra se tornar alguns...
Somos réplicas ocas e mortas
se ultrapassarmos de vez as arrombadas portas;
e o mundo sem cor não terá nossos olhos
para mesclar-lhe a nuança
transformada em ápices que nunca se alcança.