ILUSÃO DE ÓTICA

Nada muda quando o sol levanta;

só um mundo de tom faz a diferença.

São os matizes que superam o que se pensa;

pardas, cinzentas ou coloridas

cobrem a imensa paisagem.

são rastros de cores híbridas

que mostram os contornos da miragem.

Nada interfere nessa ilusão de ótica

que joga para além da imaginação

suaves eflúvios de conotações exóticas

brindando nossos olhos em cada vibração.

Nada além! Suspiramos vácuos que se esvaem

em cada passo dado quando as sombras caem.

Nada existe, nada!

Somos frutos de uma idéia vaga,

somos meros visíveis quando apaga

do éter o clarão...

há em todos uma estranha enfocação.

Aí aparecemos uns aos outros como parte do que fosse,

mas continuamos a ser nada.

Cada pensamento brotado, uma fagulha cronometrada.

Não estamos aqui, estamos superados dentro

de um falso tempo..

Nosso espaço é vazio.

Somos como se maturássemos ao vento.

Percorremos o imaginário de um Deus senil

que nos torna cópias para um novo advento;

e assim, nos multiplicamos em vários nenhuns

que se encadeiam pra se tornar alguns...

Somos réplicas ocas e mortas

se ultrapassarmos de vez as arrombadas portas;

e o mundo sem cor não terá nossos olhos

para mesclar-lhe a nuança

transformada em ápices que nunca se alcança.

Rose Arouck
Enviado por Rose Arouck em 10/12/2006
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