TEMPO A DESTEMPO

Pode-se definir o tempo pelo tempo

que ele nos toma, andamos a reboque

do relógio, que é o nosso desalento

por nos levar a pedra de toque.

Não há tempo para o tempo, nos consome,

e nos leva os melhores momentos…

há o tempo de nos sujeitarmos à fome,

quando da vida não vem o alento.

O tempo é fugaz e ardiloso por demais,

quando pensamos que o controlamos

logo ele nos sujeita ao desagravo, mais

ao destempo, com que nos esbarramos.

Tempo de trabalho de empregos miseráveis…

o povo iletrado cava sua sepultura…

há os que vivem de maneiras estáveis,

sujeitando-se ao tempo como uma cultura.

Já nem há tempo para morrer condignamente –

tudo está preparado em poucas horas –

e levam-nos à terra indecentemente:

isto é aquilo por que tu cobras.

Tempo para viver olhando o cunhal,

com medo de ser interceptados pelo patrão,

que tem mais tempo do que é normal,

por não se sujeitar à extrema condição.

Tempo para namorar, tempo para casar,

levamos a vida à pressa, olvidando-nos

de nós, e, passamos os dias a perguntar,

se a enganar-nos não andamos.

Tempo Universal, tempo terrestre,

meu amor, não colhas do tempo o vento,

que para o simples pedestre,

torna-se num grande aluviamento.

Jorge Humberto

20/05/11

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 20/05/2011
Código do texto: T2981954
Copyright © 2011. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.