Noturno Sertanejo
Cai a noite sobre o sertão
Como um manto negro
Bordado de estrelas.
Os morcegos abandonam
As velhas mangueiras
E se lançam em vôos cegos
Na negra escuridão.
O Caburé pousado na comunheira
Ri seu riso sádico.
È meia-noite...
Nos capoeirões, vaga-lumes.
Fadas e sacis dançam
Ao som de flautas incendiárias
Em doces bacanais...
È alta madrugada!
Nos grotões longínguos
Numa eterna discussão
Grita o bacurau:
_Amanhã eu vou... Amanhã eu vou...
No que responde o urutau:
_Fooooiii...foi...foi...fooooiii...
O muntum grita na mata fria
É chegado o crepúsculo do dia...
Geraldo Rodrix