Meu medo se chama Tempo
Cativo a noite sem espaços
Naufragando em sonhos
Sem água ou pó
Num açoite alógico em meus traços
Onde o tempo molesta
Minh’alma sem dó
Trafico o dia para a madrugada
Ninando os medos
Desta vida sorrateira
Numa agonia vil e acossada
Gestando o silêncio
Para o espinho da roseira
A era infinita prende-me os pés
Como corista não danço
Mas me encanta a flor
Numa erudita ilusão de viés
Lastimando as perdas
Fugindo do tempo a rigor
Dos inéditos fins usurpo meios
Assim calo a lágrima
Que é célere a todo o tempo
Sem créditos abandono meus anseios
Mas não morro na inércia
E pode ser que eu volte com o vento