NA JANELA
Chovia forte, chuva de verão.
Pela janela ela olhava admirada,
As gotas que batiam e escorriam...
Pela vidraça embaçada, sensível visão.
Estrondos e relâmpagos a fizeram estremecer...
Levou a mão tremula e a esfregou lentamente
Olhava perplexa seu reflexo fixamente.
Lá estava ela entre as gotas que escorriam...
Quem era aquela figura estranha que a continha?
Nesse momento não sorria,
Seus olhos estavam molhados
E se deixavam escorrer
Como os pingos da chuva na janela.
Que insistiam em percorrer
Caminhos diferentes, livres e incontroláveis...
Muito distantes dos que ela imaginara...
Era ela a escorrer com a chuva que caia...
Era ela que em cada gota se esvaia...
Se fora feliz? Em muitos momentos...
Triste? Não! Dolorida, sim...
Afinal a vida naquele instante
Parecia-lhe uma chuva de verão:
Intensa e passageira.
Chuva que às vezes nutre a terra
Outras a destrói, devasta...
Mas soberana a vida sempre renasce
E inexoravelmente
A chuva e a vida passam
Foi o que na breve chuva percebeu ela.
Tudo volta ao natural... Ao normal...
Normal...
Habitual...
Insuportável e deliciosamente
Faz-se o cotidiano.
Quem é essa senhora na janela?