Satélite
(Ato racional nº 24)
Luz dos olhos carentes
Brilhando nus no meio ocidente,
Acidente de avião num meio imundo
No frio noturno de um dia ensolarado
Deslizando com a mão no corpo bipolarizado
Ascendente vivo-morto, descapitalizado
Meu sabor esteja mais presente, mais que estrela cadente
Meu amor não faça pregas, não faça,
Mais que gravidade, magnetismo, eletrostática
Queira nesta noite que disfarça
Neste chão repleto de sujeira espacial e multidões vazias,
Luz dos olhos, traço, estrela
Beija – beija – beija, tic-tac,
Buraco negro, onda cósmica, vestígio, eco,
Desliza sereia; eco;
Nada mais que nos separe no mundo
Mais do que canto, um canto do mundo
Faça como a musa,
Como a música, o alfanje,
Como a hipotenusa,
Molhada numa rua, numa cruza;
Híbrido material genético
Por um fio de telefone
Puro corpo de mulher,
Área em função de um raio cibernético da constância de Pi,
Numa cera de anjo ionizado,
Num pássaro de asa atômica,
Numa fada de varinha,
Numa bailarina de sapata,
No corpo de um sangue frio ou quente de um artista;
Originais numa patente
Diferentes dos que diferem do restante
Presos às partituras,
Do resto, do que sobrou, de uma escova de dentes,
Meu amor se entregue, não faça-se vilã,
Gangrena,
Meu amor não ande de internet,
Busque-me numa bala de canhão,
Em sala de site de busca,
Numa mobilete, na lareira, à janela...mobilize,
Meu amor de bicicleta, de patinete, como uma pop-chacrete,
Nosso amor difere do chiclete e de tudo que se escreve, como a sampa carente,
A obra de Dom Gente, o canto da Dona Franca,
Brilho estanque,
Luz dos olhos do ocidente neste espaço,
Alivio oriente vagando vagamente sobre as vagas frias,
Entre os satélites!
Will Aziz - 2002