ÓBITO
Sou um caminho que ronda incessantemente,
Onde devo lhe procurar em qualquer instante;
Sou o louco, que na ira transformo esse nada
Que há dentro do limite, numa história marcada...
Venho do amargo regresso em fado purificado,
Que em salobras salivas come o seu fel aberto;
Teu espectro lânguido, em meu gosto é desejado,
E sento-me ao seu lado neste momento tão certo.
Tenho variadas formas que desagrada o teu olhar,
E sem pena de ti, ponho-te a olvidar o sofrimento;
Quero encontrar um dia quem queira me desafiar,
Não por força, mas na incerteza de um julgamento...
Assim eu mostraria ás carnes que ainda andam expostas,
O que é frio e absoluto e sem que temas uma passagem;
Veriam que uma sombra em alento daria suas respostas,
Sem escolher dogmas humanos, nem o medo e coragem.
E você criatura estúpida, qual contente aqui peregrina,
Dê o que tens de valor para salvar a sua fé angustiada,
Desta que usas cruelmente para enganar a própria sina;
Quando deitar-se tão perene, sua mentira será enterrada.