PERDIDO EM SOMBRAS
Em muitos momentos uma voz me diz coisas quando me vê,
Deixando-me bem curioso para descobrir quem é o seu dono,
Tento mais que depressa, antes que ela me fuja em abandono,
Correr contra o tempo para mostrar a todos o que não se crê...
Mas, ela venceu-me novamente, ao falar-me injúrias e após fugir,
É estranho me sentir assim, como se daqui nada me pertencesse,
Este fato que eram incertezas, agora é o que está a me consumir,
Sofro lento ao ouvi-las, e a minha vida viaja como se peregrinasse.
Lembro que em sonhos ela também me aparece, disposta a me desafiar,
Deixa as suas marcas em minha memória, na forma dos puros lamentos,
Numa nuvem negra que cobre minha aparição, vejo os meus sofrimentos
Que desesperados, querem sair desta sombra, com fome de me alucinar.
Fiz muitas orações que de nada me adiantaram, por ela foram excomungadas,
Então, entrei na mais intensa fé dos espíritos, daqueles que eu amei de verdade,
Evoquei pessoas e entes queridos que em seus leitos achavam-se descansadas,
Para reforçar minhas defesas e tentar por um fim nesta tão surreal insanidade.
Dentro deste julgamento que tanto me afligia, eu finalmente consegui entrar,
Sei agora que em cada combate travado, uma triste sina eu libertei em perdão;
Caminhei dentro dos meus céus e infernos sem demonstrar os medos da razão,
Segui á frente e firme em meio à paz e a desolação destes mundos, só, a chorar.
As minhas lágrimas carnais levaram as minhas angústias condenadas,
Tiraram-me todos os pecados, onde o meu corpo lhe servia de abrigo,
Levaram embora a desesperança e a dor das minhas atitudes erradas;
Fizeram-me ser piedoso, depois que o meu frio coração foi atingido...
Quando afinal eu matei as minhas sombras que também me mataram,
Pude perceber que somos fracos..., mesmo tendo vencido as batalhas;
Nas vitórias..., somos perdedores sem glórias dos que pra trás ficaram;
Do nada que restou das sombras mortas, estão nossas frias mortalhas.