Fragmentos Naturais - Os implacáveis dentes da noite

I

Da boca do alvorecer surge a cidade.

Cuspida pela noite ela se restabelece,

com suas ruas, becos, lojas e gente,

vive.

No centro, casas e vidas boas.

Ou aparentemente boas.

Nas beiras a vida também é boa,

mesmo suja é viva.

E assim correm-se as horas, que são dentes.

Dentes da noite que vem e engole de novo.

Para digerir, elaborar e cuspir novamente.