BAUDELAIREANA

Chove

Em meu peito um oco

Um cigarro me angustía Baudelaire

Muito louco num verso torto

Tampouco sou

Nem anjo, nem criança, nem demônio

A tradição cristã,

A mata molhada, estrela iluminada

A noite me consome e me consola

Nada me basta, nem um pouco

Um senso de ser, é exatamente ter sido eu mesmo

Meu grito ecoa na chuva, nada sei

Por que você não me ouve as estrelas brilham

A multidão continua caminhando a esmo

Vem a morte,

Pedestais na sala, estes olhares mórbidos

Pairando no ar envolto em letargia

E um adeus sórdido

Que no âmago não se via

Esta incessante chuva

Lavando a alma dos falsários

Arrefecidos pelo medo

Erguem a bandeira do suplício

Máscaras vulneráveis

Couraças e mentiras

Chove lá fora

Zanoni Yberville
Enviado por Zanoni Yberville em 22/08/2010
Reeditado em 27/06/2013
Código do texto: T2451959
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