BAUDELAIREANA
Chove
Em meu peito um oco
Um cigarro me angustía Baudelaire
Muito louco num verso torto
Tampouco sou
Nem anjo, nem criança, nem demônio
A tradição cristã,
A mata molhada, estrela iluminada
A noite me consome e me consola
Nada me basta, nem um pouco
Um senso de ser, é exatamente ter sido eu mesmo
Meu grito ecoa na chuva, nada sei
Por que você não me ouve as estrelas brilham
A multidão continua caminhando a esmo
Vem a morte,
Pedestais na sala, estes olhares mórbidos
Pairando no ar envolto em letargia
E um adeus sórdido
Que no âmago não se via
Esta incessante chuva
Lavando a alma dos falsários
Arrefecidos pelo medo
Erguem a bandeira do suplício
Máscaras vulneráveis
Couraças e mentiras
Chove lá fora