ALMAS DO NEGRO PECADO

Na escuridão das minhas costas e nesse tempo por mim vivido,

Vejo lá atrás, o que sobrou dos meus erros nessas caminhadas.

Uma nuvem de incertezas que devora o que eu já tinha sofrido;

Nunca deixa réstias, nestes meus pesadelos de almas clamadas.

Ela me cobre como um manto, a minha negra vida em penitência.

Ela cobra o meu mal, com as míseras moedas de um santo desleal.

Fico sem poder rasgar as dores que lá ficaram pedindo clemência,

E sem resgatar a moralidade que me salvaria deste destino fatal.

A carne crua me dói num lamento, que das inocências se alimenta,

Descarregadas nessa memória de demônio, sina que agora eu sou.

Sofro, mesmo sendo uma aberração, qual a expressão não aparenta,

Face enrolada em pergaminhos de peles, que o meu desejo já levou.

Vozes em lamúria que me cortam em calafrios, levam-me condenações.

O dia em mim nunca amanhece e não vejo as luzes dos meus perdões.

Nada que eu faça sentir em grande arrependimento, me cura essa dor,

Mesmo a querer de Deus me aproximar, pois, o violei num ato pecador.

Diante dele eu não existo, sou um espírito condenado de negras luzes.

Um calvário de espinhos é a minha morada, rodeado de muitas cruzes.

E cada uma ostenta uma placa com os nomes dos anjos crucificados,

Ali não repousa o corpo, só ficaram as almas, nos cravos martelados.

Setedados
Enviado por Setedados em 30/07/2010
Reeditado em 07/07/2011
Código do texto: T2409430
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