ALMAS DO NEGRO PECADO
Na escuridão das minhas costas e nesse tempo por mim vivido,
Vejo lá atrás, o que sobrou dos meus erros nessas caminhadas.
Uma nuvem de incertezas que devora o que eu já tinha sofrido;
Nunca deixa réstias, nestes meus pesadelos de almas clamadas.
Ela me cobre como um manto, a minha negra vida em penitência.
Ela cobra o meu mal, com as míseras moedas de um santo desleal.
Fico sem poder rasgar as dores que lá ficaram pedindo clemência,
E sem resgatar a moralidade que me salvaria deste destino fatal.
A carne crua me dói num lamento, que das inocências se alimenta,
Descarregadas nessa memória de demônio, sina que agora eu sou.
Sofro, mesmo sendo uma aberração, qual a expressão não aparenta,
Face enrolada em pergaminhos de peles, que o meu desejo já levou.
Vozes em lamúria que me cortam em calafrios, levam-me condenações.
O dia em mim nunca amanhece e não vejo as luzes dos meus perdões.
Nada que eu faça sentir em grande arrependimento, me cura essa dor,
Mesmo a querer de Deus me aproximar, pois, o violei num ato pecador.
Diante dele eu não existo, sou um espírito condenado de negras luzes.
Um calvário de espinhos é a minha morada, rodeado de muitas cruzes.
E cada uma ostenta uma placa com os nomes dos anjos crucificados,
Ali não repousa o corpo, só ficaram as almas, nos cravos martelados.