PÁSSARO PEREGRINO
Venho de muito longe.
Grandes telhados profanos.
E de góticos sonhos
voando de ano em ano.
Luminárias, espumas, cinzas.
Avenidas esquálidas.
Sopros espirituais,
velhas malas.
Vôos sem dupla,
potenciais sebes amorosas
que me trazem a culpa
de suas noites silenciosas.
À lâmina, tanta pureza
em minhas asas combalidas
corta a brutalidade
dessas músicas escondidas.
E refaço vôos num cenário
onde espantalhos extraordinários
continuam afugentando a vida.
(D.A. reservados)