A OUTRA
A OUTRA
Quem é esta que me habita
e se faz tão estrangeira,
peregrina em seu dossel?
Eu sou pouco e ela plena
de ousadias tão libertas;
eu escondo e ela exibe
a insensatez em seus versos.
Quem é esta que me cobra
estradas longas, veredas,
audácia de cordilheira, barulho de cachoeiras?
Eu sou cinzas, ela é brasa,
se caminho, ela corre,
na escuridão dos meus dias
ela planta vaga-lumes.
E por fim me desafia:
a voar por entre as letras,
a plantar versos num mergulho
e a sentir como um poeta.
Basilina Pereira