Anjo caído!

Leio minhas palavras e choro,

qual dor sentida esta meu peito,

molho meu leito vazio e frio,

seu corpo macio ausente está.

Agora a morte é fiel companheira minha,

Nua e formosa se deleita,

Transpassa meu coração trincado,

Com a maldição de suas farpas.

Eis aqui que perece mais um amante,

Que antes incandecente chama pairava,

Refletindo em seus olhos, gotas cristalinas,

Pousaste suas asas sobre mim...

Anjo translúcido em vestes puras,

Deslizava suavemente sobre mim,

Fazendo-me sentir o calor da dor,

Encandecente chama dita...amor.

Sua volúpia inspirava-me ante o casaço,

Descansava delicadamente em seio casto,

Perdido em seu interior ilumidado,

Espelhado em nós o complemento divino.

Mas tal qual tempestade que devasta,

Fez vazia novamente minha taça,

Pois meu anjo tão logo partiu,

Tal sonho que esvai como fumaça.

Terei eu sonhado com tão bela criatura?

Que de sua candura resulta estas linhas,

Por agora meu peito geme e pede,

seu retorno pra adornar minha existência.

Não me deixe perecer, anjo dos tempos,

Tirai de mim a dúvida e os tormentos,

Fazei novamente encandecer meus olhos,

Renascendo em mim o amor, o eterno amor...