ENIGMA
 
Sou a alma que voa que viaja pelas lembranças, sou o espírito que navega os sonhos, Que chora a saudade e corre o incerto. Porque não me prendo a razão, tampouco vivo escravo de um amor não explicado. Sou a música que se entranha na vida, no balanço das arvores incomodadas, nos ventos fortes e inconvenientes. Sou a grata surpresa de um campo florido e a sinfonia matutina das matas virgens. Sou esse tanto de maravilha, tanto quanto sou lágrimas do desamparado e o grito da solidão, sou verme desterrado, sou a mira do inferno e o frio da mentira. Não há quem não me queira, nem presenteia esse meu odor, porque não exala a aparência, somente a verdade. Sou tão eu como você, somos parte de um tudo, essa transformação de carne em poeira, de sangue em gotas de chuva, de história de vida e dúvida da morte. Somos todos, uma poesia que se inicia quando finda a certeza. Somos tão nada quando podemos ser.