assim, assado
Eu nasci assim, sob uma luz que me segava.
chorei, porque bem não me cheirava.
bateram forte na bunda,
seria a primeira tunda?
Pelado, vendo tudo virado,
Pensei até em desnascer
mas perdi a fresta na festa.
acharam que eu não pensava,
era triste a luz do dia
e eu só chorava.
mas logo veio a alegria
porque, via pela fresta, a poesia.
e agora, eu era um ser
e assim seria;
seria assim, mas pensei:
ai de mim... um ser assim,
depois de viver coisas etéreas,
à mercê das bactérias,
ganhei um prumo, um rumo
e, ereto, ganhei a estrada
até achei que tinha achado um norte
mas tal era a minha sorte
que a estrela nu'era d'alva
e a única certeza era a morte
tinha que ser assim, crescer assim
e assim cresci
eu vi o tempo parado
um vento ventar de lado,
engoli o grito calado
mas a vida sorriu pra mim
passei até pelo passado
mas sempre sendo assim
corri um corre-corre danado...
até que caí em mim
me levantei, enfim...
fiquei um tanto quanto espantado
depois de tanto tempo sendo assim
agora, me chega um Serafim
e diz assim:
-você tem que ser assado.