O Quarto Alucinógeno

No recôndito abismo que há no peito

Cálido ou frio do ser lírico,

Há a angústia vetusta que se debruça no leito

Vazio da alma perdida no universo onírico.

Do nimbo plúmbeo caí gotículas nítricas

Que corroem a matéria ilusória da temporalidade.

No cômodo se manifestam figuras míticas,

Risonhas advindas da antiguidade.

As Esferas brancas, transcendentes, incandescentes

Vieram definir o prazer andrógino

Para se gozar as maravilhas imanentes

Presentes no ímpio quarto alucinógeno.

Súbito desvario eterno no segundo

Em que a mente vagueia nos labirintos estreitos

Do subconsciente profundo

E rompe os limites dos dogmas aceitos.

É escuro, cinzento, cheio de torpor

O quarto secreto herdado.

Nele o antigo odor

Do mistério do mundo é revelado.

Vozes proféticas dos primeiros residentes

Repercutem no vento único prisioneiro.

Sons audíveis de seres ausentes

Assombrando o dia inteiro.

A mistura simbólica das imagens incertas

Produz um desdobramento etéreo e medonho.

As cortinas surreais estão abertas,

Pode-se penetrar o genuíno Sonho.

Abóbada Celeste do Macrocosmo incompreensível

Intuída em forma de alucinação entorpecida,

No regresso ao mundo sensível,

Há de ser fraca e célere idéia a ser esquecida!

24/11/2009

Marcell Diniz
Enviado por Marcell Diniz em 24/11/2009
Código do texto: T1941357
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