Presença de Mim
Acordo. Depois de uma noite de sonhos, uns complexos, outros risonhos, mas todos os sonhos em cores.
Sinto-me, muito antes de me perceber. Toda a latejante pujança de mim mesmo: expectante.
Pulsante, impaciente, concentrada em um único ponto de meu Ser. Reflito um instante:
Não é de tesão o conflito. É antes para a vida um grito. Ao tocar-me, gosto - de mim não tenho temores.
Escolho prá desjejum, um pêssego sobrevivente - apenas um – resgate de outro combate
Em que este aprendiz de vate persona de macho encarnou; com Morpheu se desculpou
E em meio à filosofia, degustou- melhor dizendo: partilhou – de lautas horas de amor.
De amor se fala em versos, em prosa se versa também. Revelo agora um segredo: de amor eu falo sem medo – aqui e em qualquer parte.
O dia me espera lá fora, em outras fainas me atiro. Mas antes deixo patente – nenhuma palavra retiro.
Falar de amor e desejo tem de ser feito sem pejo. De amor se fala com alma – é neste alvo que miro.
Não vale a pena viver nadando na superfície. As águas limpas da vida se encontram bem mais no fundo.
Não quero ser hedonista, nem saduceu desvairado. Aqui o propósito meu, é um caminho equilibrado
De se viver com paixão, unindo mente e coração, internalizar a certeza de que também de beleza é feito este nosso mundo.
Não é só de sofrimento, como pregam os masoquistas. A prática é muito simples: obterás de retorno tudo aquilo que tens dado.
Existe um preceito budista que diz: um presente só é teu quando o aceitas. Estendendo-se o raciocínio percebe-se que tudo que nos acontece na vida, de bom ou de ruim, é de nossa inteira responsabilidade.
Vale do Paraíba, manhã da terceira Quinta-Feira de Fevereiro de 2009
João Bosco (Aprendiz de poeta)