A CADA VEZ UM ACASO
A CADA VEZ DE UM ACASO
Os prazeres do imaginário
como um sopro despojado de melodia
um jorro contínuo de imagens e figuras
sem ordem nem lógica
é sequer um refluir em narrativas
- como o choro e grito das Fúrias
a crise das Erínias
a fome das Moiras -
e chegam a mim
na mais completa penúria
A horizontalidade da fala da amante
passando como um rio perpétuo
exala uma história de amor
que o faz escravo de outra amante
sem clara intenção de moral ou qualquer lição
Amar é estar doente
O mundo lhe deve a cura
Desencorajando a intenção do senso
é necessário uma ordem sem signos
Não se deve construir monstros
no caso
monstros que seriam virtudes
Uma certa filosofia do amor
Uma certa afirmação de uma alegria
crônica e cômica
O apaixonado é montado de pedaços
Uma criatura de suspiros e lágrimas
- franquenstain vivo ma non troppo -
partes costuradas, membros alienados
sobras da própria vida
um banquete platônico
onde o homem é uma ponte entre dois mundos
Eu que amo
assumo a arrogância dos meus pecados
e em troca eu quero
a continuidade de sua pele
a memória de lugares
a inocência do imaginário
o seu vazio o