PITOCO E A LUA

A lua era tão bela e tão grande

que´u tinha medo de olha-la de frente.

Espiava pela fresta da janela do quarto com medo dela me atrair...

Meu pai dizia que ela tem força magnética como o imã do meu gidão de roda.

Ela brotava do chão na encosta do morro sua luz de prata espalhava por toda mata e bem pude vê, naquele dia ela tão perto... ela tão cheia e tão nova que tive medo dela me engolir tão perto se fez de mim que pude vê a olho nú seus brocados de queijo.

Entorpecido de encanto e de medo sentava a porta de casa

ao lado do meu pai, absorto, fumando seu cigarro de plalha...

prá vê a lua em noite de gala, brilhando... brailhando cheia de enanto!

A bicharada norturno num só fuzuê cantava... gritava que zunia o ouvido da gente, eu sentado no batente, meu pai na sua espriguiçadeira, encantados com o canto noturno das rapineiras, gralhando na mata e por vezes na soleira, encantados com a lua

no céu de nosso arraial.

Um ruído repentino levantou-me do chão e meu pai sem tutubiar de cadeira disse-me: calma Pitoco é só um pio de coruja.

Ai que saudade do luar da minha terra, do meu ninho entre as serras,

da magestade sabiá.

Tudo aqui nem se compara ao pouco, com a paz que eu tinha lá !

Saudade de minha terra, saudade de minha Dinda e de minha Iaia Nêga

e dos petisco que elas guardavam pra mim dá...

Saudade do luar do meu sertão.

Flamarion Costa
Enviado por Flamarion Costa em 12/10/2009
Reeditado em 26/11/2009
Código do texto: T1861956
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