DEVANEIOS VIVOS

Em verso reverso, inverso, no verso

da folha de mangueira de borracha

Rega a planta da casamata virgem

no ascendente, descendente, indescente

e dependente de leite.

O cesto de roupa suja rua do bairro

do barro ao pó de pedra preciosa

gota de chuva de vento frio, rio

morto, porto de devaneios vivos.

O carro forte cavalo mecânico

de meia chave de fenda da telha

da tela, da teia de aranha arranha

a jarra de cristal de cálcio

calça e obstrui a via láctea

luminosa rosa cor-de-rosa

flor da pele de bronze a dor, calor

da estação de rádio, cúbito, úmero

homérico clímax em devaneios vivos.

No caixa do banco da praça

do tempo bom dia de sol, dado

a cabo de vassoura de pêlo macio

tapete mágico mundo material

de construção da ponte, leão

de chácara do sítio de terra

da gleba dos devaneios vivos.

Na cama de gato siamês de maio

Mês de Maria rainha mãe-benta

mulher noiva do filho único caminho

de volta dos ponteiros do relógio

de areia da praia deserta estrada

de ferro via cruzis dos devaneios vivos.

No livro de ponto do ônibus espacial

Especial nave mor maço de papel

de seda pura água mineral

não-metálico homem de aço

inoxidável de matrimônio, patrimônio,

pandemônio de devaneios vivos.

Paulino Pereira Lima
Enviado por Paulino Pereira Lima em 17/09/2009
Código do texto: T1816317
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