TRANSE

TRANSE

Nascera chão.

Crescera com fome de tudo:

alimento, afeto, alegria...

andava como se fosse submergir

ou despir-se de si mesmo

para alcançar o outro lado da rua.

Carregava uma leve saudade do futuro

e uma ansiedade remota

por algo que não conhecia

-se não fosse muita ousadia: ser feliz.

Mas não será muito? Ser feliz é exceder!

E o transe onde agregam essas alucinações

guarda o segredo englutido entre o sonho e a certeza,

a vontade de permanecer nas sombras

e o medo de inventar.

Lá fora, rondam fantasmas loucos

à cata de tudo que medra a subclasse humana.

A flama que alimenta essas palavras abstratas

infiltra-se como um coágulo no sangue pedregoso.

...e ainda dizem que viver não dói.

Basilina Pereira

Basilina Divina Pereira
Enviado por Basilina Divina Pereira em 19/10/2008
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