impudicícia

impudicícia m’enrosca neste poético enleio

a pele da boca aposta ao gesto controverso

o rosto cristalino na concha de tuas mãos

e nos teus dedos, solta, minha rosa amarela

se no meu peito

s’assola tremura de ser verso

serpenteado livre à roda de tua cinta

em júbilo recato

em calmaria de acto

acalmo a malícia d’ervas daninhas

que s’atrevem no repovoamento de pastos

desbasto

decoto

lapido

revogo tratados sistémicos

legislo novas variantes

cambiantes de cores prismáticas

sobre cristais linhos e diamantes

bamboleante

entre enzimas d’instante e fermentos transactos

danço tango

sevilhanas

e logo me projecto em elegante valsa

sendo agora Cinderela de musa debutante

detenho a corda fina

desta lira ensandecida que s’eleva, que s’alteia,

adversa e antagónica

vestida de cetim cor de damasco, sou menina,

flutuo acesa em mágica certeza de ser,

de minha própria vida, fiel compasso.

ofereço-te minha rosa amarela.

singela … abraço-te!

Mel de Carvalho
Enviado por Mel de Carvalho em 10/07/2008
Código do texto: T1073368
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