A CASA ONDE NASCI
A casa onde eu nasci já não existe,
alguns tijolos se encontram espalhados,
jogados ao relento todos eles, abandonados.
O lugar, no entanto, ainda existe,
não poderia ter acabado com o tempo,
por não ser obra do homem, este lugar.
Distante ainda eu vejo o pé de serra azulado,
que imagino ser um lugar bem mais distante
do que aquele lugar que eu já vira antes.
Perto da cerca, já há muito remendada,
só destroços expostos ao pó do tempo
e lembranças não saem do pensamento.
Vi-me correndo, com meu dorso desnudo,
entre a caatinga muito rala e maltratada,
também corria atrás de toda cachorrada.
À frente deles, um preá se escondia,
sob as pedras o último esconderijo,
com tanto medo, ficara o pobre, rijo.
Os cães, ladrando, criavam o ambiente
de uma caçada a tão pequeno roedor,
que se escondia do possível predador.
Voltei, então, ao tempo de agora,
ao sentir pena do pobre animal,
possível vítima do menino mau.
Olhei o tempo e notei as grossas nuvens
que se formava, além do pé da serra,
as quais anunciavam a chuva sobre a terra.
Saí depressa, precisava voltar,
ao meu lugar, no presente momento,
não me molhar era meu pensamento.
Senti saudades do meu tempo de outrora,
quando criança, brincava eu neste lugar,
abandonado e esquecido, como está.
11-03-08-VEM.