NO RASTRO DA SAUDADE (Dedicado ao Dia de Finados)

Na dança silenciosa dos dias,

a saudade pousa leve,

como uma borboleta de asas translúcidas,

não mais sombria,

mas vestida de tons dourados,

desenhada pelo entardecer.

O vazio, antes abismo,

agora é jardim,

onde memórias florescem

em cores vivas e delicadas –

cada pétala, um riso compartilhado,

um abraço guardado no tempo,

um olhar que ainda reluz,

como o brilho da aurora.

Passos que partiram deixaram pegadas douradas,

marcas de estrelas distantes,

ainda acesas, ainda nossas,

bordadas com fios de ouro,

histórias que o amor insiste em tecer,

mesmo nas despedidas.

Lágrimas, agora orvalho,

nutrem as flores dessa lembrança,

onde o tempo encontra refúgio,

onde os ecos do afeto sobrevivem

como perfume que o vento leva,

invisível e eterno.

E como pássaros que migram,

eles escolheram outros céus,

enquanto nós, ainda com pés no chão,

guardamos o mapa do reencontro

traçado no coração,

caminho de volta a eles.

A morte, essa viajante incansável,

leva corpos, mas jamais aprisiona a essência,

que paira no ar, como as conchas na praia do tempo,

onde as ondas vêm e vão,

mas o amor –

ah, o amor –

esse resiste, intacto,

guardando em si o eco

de uma saudade eterna.

Sezar Kosta
Enviado por Sezar Kosta em 01/11/2024
Código do texto: T8187415
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