SEU QUINCAS ... MEU PAI!
Homem valente o seu Quincas,
Ativo e trabalhador!
Quando o sol despontava
Por trás das grandes colinas
Já tinha os braços cansados
Pois começara a rotina
Às três horas da manhã.
O almoço era servido às oito
Feito no fogão de lenha.
O horário respeitado,
Nem um minuto passado.
Minha mãe sempre enfrentava
Uma labuta ferrenha.
De volta ao meio dia
O farofão na panela!
Sentava à grande mesa,
Bem pertinho da janela,
Comia bem satisfeito
Com filhos e empregados,
Companheiros do roçado.
Caminhava pra derrubada
Para todo trabalho fazer:
Capinar? Quebrar milho?
Derriçar o café? Arrancar o feijão?
Era pau para toda obra
Até o anoitecer.
À noitinha após a janta
Sentado numa cadeira
Meu pai tocava a sanfona
Numa das pernas o instrumento
Eu bem brejeira
Me balançava e sorria
No ritmo da melodia.
Meu dedinho polegar
De tanto chupar era fino
E tinha um sabor sem igual
Quando meu pai consentia
Dobrar a pele do seu cotovelo,
Recostada em seu braço
Tranquilamente eu dormia.
E quando muito cansado
No seu quarto se recolhia
Sempre às seis
Nunca mais tarde
Mamãe silêncio pedia
Cuidado, não faça barulho
Porque papai já dormia.
Enfim veio o tempo
Em que a enfermidade chegou.
O corpo debilitado,
Ossos fracos, muita dor,
Assim meu velho querido
Foi parando com a tal lida
Partindo para o fim da vida.
Não podendo trabalhar
Seu Quincas se recolheu
No velho sofá da sala.
O seu Senhor conheceu
Lendo o “Livro Sagrado”
E sendo assim ensinado
Por nosso Pai, nosso Deus.
E assim todos os dias
Nas páginas daquela Bíblia
Ele buscava esperança
Misericórdia e perdão
E Deus que é tão generoso
E sempre ouve os seus filhos
Atendeu sua oração.
Partiu o meu velho pai
Nos braços do seu Senhor
Falando as palavras santas
Este mundo ele deixou.
Foi morar eternamente
Sem dor, cansaço ou tristeza
Naquela terra bendita
Terra de nosso Senhor.