Antiga Morada
Diante da porta da casa antiga
Na Rua do Bispo número três
A saudade tomou conta de mim
E junto com a casa eu desabei
Estava andando tão distraído
E de repente passei por ali
Notei operários em seus uniformes
Um deles gritou: é pra demolir !
Então percebi que o lar condenado
Era a morada da minha infância
Meu peito doeu e o olhar marejou
E senti um nó subir na garganta
Foi ali que aprendi a andar
Cair e levantar mesmo com dor
E foi naquela casa demolida
Que eu vivi o meu primeiro amor
O mundo caminha e dá suas voltas
Não para nunca no mesmo lugar
De vez em quando nos prega uma peça
Em pedras do passado nos faz tropeçar
Me aproximei daquela casa
Que aos poucos virava entulho no chão
Sem perceber pus a mão no peito
Pra evitar que caísse o meu coração
São tantas lembranças, tantas memórias
Que desmoronavam sem se despedir
Toda minha vida, toda minha história
Passaram como um filme diante de mim
Tirei meu chapéu, fiz uma oração
Me despedi da minha velha casa
Segui em frente sem olhar pra trás
O passado não é uma boa morada