MENINA DOS OLHOS

nasceu sinhazinha

branquinha na noite preta

feito lua no cafezar

mãos calejadas

aleijadas sem dó

amontoados na senzala vida

vosmecê não me lembra mais minha piquenina minina filha minha

que arrancaro de mim

manhã de agora

me lembras Angola

casa-porto Luanda

o coroné na varanda

não vê gente em ninguém preto

vo fugi pro mato

vo enfrenta o capitão do mato

qui meu preto Véio acompanhe

até o mar Odoya me leve nas ondas

na prece do ponto Ogun de demanda

minha minina nos olhos ciranda

arrancaro ela de mim.