EU LHE CONHECI NO TREM
Izaias Veríssimo de Castro (Záias CastroVéris) 03-06-2020
Eu lhe conheci no trem
Estava eu em vagão de segunda classe
Você num de primeira, mais distante
Mas lhe encontrei quando vagava
Pois inquieto por todo o trem eu caminhava
Será que era à tua procura minha musa?
Sentei no estofado do lado direito
Num do esquerdo você estava
Sentei de pretexto, só pra um pouco te olhar
Pois se o cobrador do trem passasse
Ele me mandava desocupar lugar
Pois minha passagem não era de lá
Ali me envolvi olhando a paisagem “passar”
O que é maravilhoso de se apreciar
De repente olha só, eu e você cruzando o olhar
Um sorriso meio tímido, típico de um singelo admirar
Vi dos seus lábios levemente escorregar
Oi, tudo bem? Qual é o seu nome?
O meu é Nayara, e qual é o seu?
Me chame de Záias, felizão respondeu eu
Papo vai, papo vem, por perto só eu e ela mais ninguém
Senti nos seus olhos "falantes" o apetitivo convite
Para do seu lado eu me sentar
Ah, ganhei meu dia, pude incisivamente acreditar
Ali sentei, e o suave balançar que pra muitos é um ninar
Foi nosso cupido fazendo nossos corpos se roçar
O calor aflorou num desafio à brisa que adentrava a janela
E suavemente balançava os cabelos dela
Minha língua, meus lábios rodeou
Pois sim, emocionalmente meu salivar estancou
Olha só então eu e ela lá no vagão do restaurante
Continuando o papo e tomando refrigerante
Mais linda ainda a paisagem ficou
Abrilhantada pela nobre companhia
Que essa viagem me presenteou
Pintou afagos e beijos calientes
Pois nosso desejo era evidente
Oh que pena, o tempo não parou
O relógio até parece que mais rápido trabalhou
Chegou minha cidade, desci e ela seguiu
Fiquei olhando até quando o último vagão sumiu
Vez ou outra vou à estação pra aquietar meu coração
E ali, fica eu por um bom tempo olhando adiante
Pra ver se aquele trem, de volta vem lhe trazendo
Pois até seu endereço e número de telefone
Esqueci de lhe pedir, meu bem!
Mas jamais esqueço que eu lhe conheci no trem.