Memórias do meu quarto de guerrilha

Todos os dias, pela manhã, fico pensando sobre os sonhos.

Aqueles que deixei guardado na gaveta do meu quarto de guerrilha.

Onde eu me jogava em trincheiras de pensamentos, e combatia infindávelmente, irrefutavelmente, tudo o que cerceasse a imaginação.

Com o tempo, foram me dizendo que não valia a pena.

Que não cabia nos bolsos, que era em vão.

Mas você sabe o tamanho do bolso de uma criança para o sonhos que ela carrega nas mãos?

Não!

A maioria de nós é viciada em devorar sonhos.

Tem orgasmos múltiplos quando vêem alguém não conquistar aquilo que também não conseguiram conquistar.

Não é motivo para se alegrar?

Por isso que ninguém conversa mais coisas que alegram de verdade.

Tá todo mundo com tanto medo mano, da inveja e da maldade, que prefere guardar esse tesouro consigo.

Porque no primeiro mole que ela der, vai tudo meu irmão!

Como dizem por aqui: "vai tudo de ralo!"

O sucesso do teu sonho as vezes pode ser o filho dormindo tranquilo.

Teu pai ou mãe com saúde.

Sobrar um troco pra pegar um cinema com a patroa, ou quem sabe, só o fato de poder respirar tranquilo depois daquela crise de asma que tu teve semana passada já é um sonho realizado.

No fim, devemos retornar lá no começo.

Abrir a gaveta, sacar o sonho,

vestir-nos dele.

Blindar-nos!

Brindar-nos!

Nosso sonho é o colete que fizeram questão que tirássemos.

Uma joia rara, a prova de idiotas e suas armas de ódio e sarcasmo gratuito.

Continue sonhando, ninguém sabe o que poderá surgir da sua capacidade de reescrever as estrelas