TRIBUTO A MÃE QUERIDA

(Verso feito na ocasião do falecimento de Lucila Nunes Rafael em 2018)

1

Quando eu lembro da vida antigamente

é difícil conter a emoção,

a saudade corrói o coração

ante as cenas que vem à minha mente,

pois o choro me toma de repente

quando lembro fatos da minha vida,

vejo imagens da minha Mãe Querida

com semblante de um amor materno

que para mim encravou, ficou eterno

no momento daquela despedida.

2

Eu pensava que ela era só minha

com a mente pequena de criança,

mas agora buscando na lembrança

do labor que ela tinha na Baixinha,

até mesmo na pia da cozinha,

e o amor pela escola tão profundo,

dedicou-se ao trabalho mais fecundo,

ela foi missionária com certeza,

defensora fiel da natureza,

cumpriu sua missão cá neste mundo.

3

Na infância foi meiga e muito bela

e primeira mulher de muitos filhos,

nem por isso lhes ofuscou os brilhos

imprimindo a sua aquarela,

e por isso ela será sempre aquela

que ajuda a todos na surdina,

desde os tempos remotos de menina.

Teve a força dos ventos dos moinhos

marcando para sempre seus sobrinhos,

e pra mim será sempre uma heroína.

4

A cultura foi sua aliada

viajou para outros continentes,

ajudou a elevar outras mentes

sem ter medo das curvas da estrada,

e por isso foi sempre muito amada.

Já feriu e também já foi ferida,

trabalhou pelo bem por toda vida,

ensinando a ler e escrever.

Ajudou muita gente a crescer

e por isso se fez muito Querida!

5

Do trabalho ela nunca teve medo,

trabalhou desde nova até a velhice,

na labuta foi sempre uma artífice

e até hoje ninguém sabe o segredo.

Acordou para a vida muito cedo,

foi primeira a tirar um diploma,

depois aprendeu outro idioma,

dominou o segredo até das artes,

espalhou quadros em todas as partes

do Brasil na Europa e até em Roma

6

Quando achou que estava aposentada

uma nova missão ela assumiu,

outra vez, pelos outros ela agiu

levantando a poeira da estrada,

dessa vez não foi mais com a enxada

que ela se dispôs a operar,

dedicou-se somente a encaminhar

eu, primos, irmãos e outras pessoas,

trabalhando pra elas serem boas,

sem com ela mais, se preocupar.

7

Na velhice ela não incomodou

sempre com toda aquela humildade,

porém mesmo com o peso da idade,

nem com dores nunca se abalou.

Seus princípios, nunca abandonou,

enfrentou como grande fortaleza,

fé em Deus, desapego e clareza,

os efeitos terríveis da doença.

Nem por isso perdeu a sua crença,

enfrentou com coragem e firmeza.

8

Mesmo assim no final da sua lida

ela foi a maior resignada.

Não temeu a escuridão da estrada,

caminhou como sempre em sua vida.

As lembranças que eu tenho de Querida

vão ser sempre as melhores companheiras;

eu lembro do pomar e das mangueiras,

da baixinha de belos laranjais,

lembro dela olhando os animais,

as avencas, rosas e as palmeiras.

9

Pra Recife ela levou um pedaço

do Sertão que ela amou e viveu,

voltando pro lugar onde nasceu,

terra seca, mas um feliz espaço,

onde eu dei-lhe o derradeiro abraço,

onde ela regava a sua horta.

Tudo isso me acalma, me conforta,

e me traz até muita alegria,

Foi pro Céu pelos braços de Maria,

pois pra mim ela nunca estará morta.

10

Lá no Céu ela foi bem recebida,

pelos pais, irmãos e outros parentes.

Orações e preces das nossas mentes

lhe ajudaram na hora da partida,

mais o bem que ela fez nessa vida

prepararam um lugar aconchegante,

para uma pessoa importante

que cumpriu a missão aqui na Terra

ela buscou a paz e nunca a guerra

será mais uma estrela flamejante.

FIM