Tantos aneis...

Vi nas estrelas o mar do meu choro,

a dor da saudade,

o impulsivo do adorno.

Furtei-me à vontade de amar-te

no tolo alvorecer do fim de um dia

sem dor, sem melancolia...

um dia quase sem nada.

Hotel, amor prometedor.

Desconheço o teu sorriso que me desnuda a fala,

me embriaga de graça,

faz-me dizer o que é vago

No astuto silêncio de um simples quarto.

E alguma coisa feito tua dor,

me devora ileso, cheio de desejos,

mas sem te beijar sarado

de certo descuido engraçado.

Meu coração lamenta

enquanto exploro a tua alma,

abraço-te envergonhado,

ainda sem poder dizer a ti o que te quero.

Retira o longo anel.

Basta que teus olhos sinalizem tua beleza

e no colo entre teus seios que te beije

e diga o que meu coração quer ofertar.

Degusto esse teu cheiro singular.

Há coisas que não carecem de palavras,

apenas de um olhar.

E em um impulso derradeiro,

adorna-te com os sentimentos verdadeiros,

não vês que é chegado o momento de doar-se?

Teu corpo já tão perto do meu,

minhas mãos estendidas,

meu olhar tímido e sufocado, às escondidas,

apenas esperando que em tuas mãos,

não se anele o que vá te desadornar.

Poema inédito

Paulino Vergetti