VIDA-RIO ou RIO VIDA

... É como se a vida corresse mansa

em rio sem corredeiras...

Assim queria minha vida se soltar,

Sem pedras no fundo, sem grotas

Ou fendas profundas, na esperança

De viver sem jamais me machucar....

Vida, vida essa, que tanto machucou

Um coração singelo e tão doce...

Despenquei na primeira cachoeira

Sem saber o que havia embaixo,

Deixei lá a primeira certeza,

Deixei lá a ilusão primeira ...

Às vezes sem fôlego, sem ar,

Nadava a esmo em busca do amanhã.

E o amanhã era outra pedra, outra fenda

E delas saía machucada, mas ainda viva,

Com a esperança ainda latente

Ainda com uma força tremenda!

Vida, vida essa, agora me atiras

Num remanso de águas rasas...

Nas margens, onde há flores,

Ficaram as lembranças doridas,

Toda minha história, no rio longo

Onde depositei as minhas dores....

Vida, Vida-rio da minha vida

Vaguei até encontrar meu porto

Meu amanhã, o cais da plenitude.

O amanhã que é o hoje, aqui, agora

Em que agradeço cada pedra,

Cada fenda. Vivo agora em beatitude...

Rachel dos Santos Dias
Enviado por Rachel dos Santos Dias em 26/09/2007
Código do texto: T668962