A Árvore E O Pássaro

Tu que és pássaro ousado

Atreveu-se a pousar em árvore desconhecida

E Sobre um galho bem encorpado

Encontrou folha de ainda pouco nascida

Durante algum tempo

Entre o partir e o voltar

Sempre achava assento

Naquela bruta haste para ficar

A planta sendo, assim, inocente

Permitiu a ave lhe habitar

Mesmo não sendo tão presente

Era o hóspede que não podia faltar

Na tua ausência demorada

Clamava por qualquer vento

Que fizesse chegada

Para lhe dar movimento

Com raiz presa ao chão

Pouco a pobre podia aprontar

Apontava tuas folhas em toda direção

Fossem olhos a lhe procurar

Quando, enfim, o pardal aparecia

Todo o tronco, ainda que parado

Tudo nele, por dentro, mexia

Feito trânsito movimentado

Não é feito para o canto

Nem tão belas penas tem

Mas no amor está o encanto

Que fez da árvore refém

Ingênua, não havia de saber

Que passarinho é bicho esperto

E gosta mesmo é de viver

Em qualquer canto aberto

Aquela não era de ser árvore para morar

Ali vinha apenas se divertir

Já tinha outra para habitar

Ali só queria curtir

O pássaro convencido

Percebeu a paixão que nela causou

Bateu asas enaltecido

E nunca mais retornou

Já passou tanta primavera

E a saudade permanece

Ela está sempre há espera

Dessa ave que só uma vez acontece

Hoje a árvore sonha pássaros

Lembrando daquele pardal

Queria ela poder dar passos

Ou bater asas como o tal

Priscila Anine
Enviado por Priscila Anine em 03/07/2019
Reeditado em 03/07/2019
Código do texto: T6687349
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