Noutros Tempos

As estrelas brilhavam tanto e por um momento tive a impressão de que seria possível tocá-las.

O aconchego e a segurança advindos daqueles ombros e a simplicidade forte das palavras que ecoavam histórias de sabedorias de outros tempos.

Aqueles passos em botinas matutas que esmagavam Matos e serpentes.

Letras de poesias escritas em folhas de caderno e o som dos grilos fazendo sinfonia com a luz dos vagalumes.

O cheiro de terra que já me remetia a uma nostalgia quase familiar, as folhas das árvores tão verdes e tão tristes escondiam histórias e a esperança de uma ingenuidade e alegria que durariam para sempre.

As flores dançavam inocentes a espera de um desabrochar com gotinhas de orvalho e as lenhas queimavam lentamente no fogo cálido daquelas noites, era possível escutar o barulho.

Os sapos cantavam juntos naquele tempo como se estivessem celebrando a vida, o momento, havia algo peculiar naquele canto.

São notas que estão guardadas, podem ser sentidas, o cheiro de lenha, de mato, de terra e a grandeza quase sagrada do brilho das estrelas naqueles dias pode ser sentido ao fechar os meus olhos.

Não se falava de amor, ele podia ser sentido, ele esteve ali!