Literatura de Cordel
João Pessoa
Na terra onde João matou João
Fiz escala pra João
E ouvi a história do João
Contada por uma pessoa
O Cabra tinha ciúme de João
Que não tinha nada com a amante do João,
O político da oposição,
Que pensava que lhe colocaram gaia
Ela de saia era tão bonita como a do sertão
Lutava pelos direitos da mulher
E foi o pivô da revolução
Após a morte dos dois João
E sequer teve tempo e fé
Da inquieta poeta lutar
Pois o feito no Café
Matou um dos João
E João foi preso à morte
E sufocado pela má sorte
Não foi cagado!
Morreu onde foi pendurado
Ele e seu cunhado
Com a liberdade de expressão
Não mais ouvida pelos João
Foi-se uma vida tão precocemente
Dela, escrevente, enterrada como indigente
E quantas João ninguém
Hoje são alguém
Como a aquela cabrita sem medo
Mariela, a militante da favela,
E os João se foram mais cedo
Não viram mais o sol
A se pôr em Cabedelo
Ao som do bolero de ravel
No sax de outro João
Que jura fez quando o amor partiu
Ao patentear o instante
Que proporciona aos João visitantes
Um mundo de emoção
E o João se tornou uma nova cidade
Bela como a musa dos João
Com falésias mortas pela erosão
E com o nome de João Pessoa