Literatura de Cordel

João Pessoa

Na terra onde João matou João

Fiz escala pra João

E ouvi a história do João

Contada por uma pessoa

O Cabra tinha ciúme de João

Que não tinha nada com a amante do João,

O político da oposição,

Que pensava que lhe colocaram gaia

Ela de saia era tão bonita como a do sertão

Lutava pelos direitos da mulher

E foi o pivô da revolução

Após a morte dos dois João

E sequer teve tempo e fé

Da inquieta poeta lutar

Pois o feito no Café

Matou um dos João

E João foi preso à morte

E sufocado pela má sorte

Não foi cagado!

Morreu onde foi pendurado

Ele e seu cunhado

Com a liberdade de expressão

Não mais ouvida pelos João

Foi-se uma vida tão precocemente

Dela, escrevente, enterrada como indigente

E quantas João ninguém

Hoje são alguém

Como a aquela cabrita sem medo

Mariela, a militante da favela,

E os João se foram mais cedo

Não viram mais o sol

A se pôr em Cabedelo

Ao som do bolero de ravel

No sax de outro João

Que jura fez quando o amor partiu

Ao patentear o instante

Que proporciona aos João visitantes

Um mundo de emoção

E o João se tornou uma nova cidade

Bela como a musa dos João

Com falésias mortas pela erosão

E com o nome de João Pessoa

Ed Ramos
Enviado por Ed Ramos em 29/04/2019
Reeditado em 05/10/2024
Código do texto: T6635270
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